Rodrigo Stankevicz
Amigo fiel é escudo, guardião de nossa alma.
O Autor Sagrado eleva o amigo a um nível altíssimo quando lhe
atribui o epíteto de tesouro. A Palavra de Deus diz: “Amigo fiel é poderosa
proteção; que o encontrou, encontrou um tesouro” (Eclo 6,14). Interessante que
o termo “tesouro” deriva do latim thesaurus, que significa
também “armazenamento” ou “repositório”. Assim sendo, amigo de verdade é aquele
que serve de repositório, lugar onde armazenamos nossa confiança, nossos
sentimentos e afetos, até mesmo nossa própria vida. Não à toa, a Bíblia
assemelha a amizade a um tesouro, pois não é fácil encontrar uma riqueza; do
mesmo modo, um amigo, embora, vivamos na era da comunicação.
Nunca na
história se ouviu notícias de tantos relacionamentos oriundos dos meios de
comunicação, proporcionados pela técnica atual. Novas amizades são feitas a
todo instante no mundo inteiro através das redes sociais, chats e sites de
relacionamento. Apesar disso, a solidão é crescente no meio urbano.
De um ponto de vista ocorreu uma evolução célere, neste sentido,
com a globalização. Entretanto, os laços de amizades sofrem cada vez mais em
qualidade. O Escritor Sagrado não nos fala desse tipo de amizade, todavia, não
podemos descartá-la, pois já é uma realidade vivenciada pelas novas gerações e,
talvez no amanhã, venha a ser uma regra.
Nossas amizades devem ser bem selecionadas. Bijuterias podem até
enganar, mas um dia perdem seu brilho efêmero, diferente dos tesouros e das
joias raras que nunca perdem sua beleza. Com efeito, os tesouros nos
enriquecem, então, isso serve como um excelente termômetro para medir nossos
relacionamentos. Será que essa amizade está nos enriquecendo, fazendo de nós
pessoas melhores e enobrecendo nossa vida?
Caso o amigo seja fiel, entenderá o que, já na antiguidade
clássica, Aristóteles dizia: “entre a
amizade e a verdade, eu prefiro a verdade”. Intuímos, pois, que a verdade
liberta, e o amigo sincero sabe disso. Ele fala coisas desagradáveis
a nosso ver, em nossa frente, enquanto o inimigo fala-a por trás. Contudo, seu
ombro será um refúgio, suas palavras acalento para alma e sua presença um
bálsamo. Porém, quando oportuno, a correção virá, nos corrigirá baseado na
confiança depositada em sua pessoa. Daí provém nossa proteção neste escudo
protetor da amizade que vela por nossa alma.
Este guardião possui o dom de nos acolher da maneira que somos;
ele não espera que sejamos perfeitos, mas tão somente amigo. Conhece nossas
fraquezas e limitações, mesmo assim abriga-nos sem preconceitos, ou seja, com o
amigo podemos pensar em voz alta e continuar a tê-lo. O tempo lapidará o ouro da amizade e somente
ele poderá dizer se nossa amizade é um tesouro enriquecedor ou uma bijuteria
ornada com aparência bela; porém, imbuída de uma falsidade que nos deixa
vulneráveis.
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